Caminhar é o modo de mobilidade suave mais básico e desempenha um papel vital na redução das taxas de obesidade e na promoção da saúde pública. Sendo uma atividade que tem lugar ao ar livre, o ambiente influencia a experiência de caminhar e, em última análise, a adoção e manutenção deste comportamento. A maior parte da investigação tende a centrar-se nos aspectos funcionais do ambiente, como a conetividade e a proximidade de centros de trânsito. No entanto, as reacções das pessoas aos seus ambientes não são consistentes, e ambientes bem concebidos não são necessariamente suficientes para explorar todo o potencial das deslocações a pé. De facto, essas medidas objectivas não fornecem uma avaliação exacta da forma como as pessoas vivenciam o ambiente que as rodeia de uma forma que afecta a saúde. Por esta razão, trabalhos recentes (mas escassos) desenvolveram uma análise mais subjectiva sobre o impacto dos percursos urbanos na qualidade das experiências das pessoas, com base nos sentidos sociais e emocionais dos indivíduos. As cidades também têm sido reconhecidas como locais importantes para os jovens. Os jovens adultos devem ser vistos como uma subpopulação separada na política e na investigação, porque se encontram num período crítico de desenvolvimento que pode afetar as trajectórias das suas vidas, incluindo o controlo do peso e a manutenção da AF. Estudos anteriores indicaram que os jovens interagem e vivenciam o seu ambiente de forma diferente dos adultos, sendo mais dependentes dos seus ambientes locais, mas a análise das necessidades de experiência e mobilidade dos jovens é limitada.
O principal objetivo deste projeto é alargar a compreensão da forma como os jovens estão expostos, experimentam e interagem com os locais urbanos onde vivem, de modo a afetar a sua saúde.
Existem três sub-objectivos: 1) analisar a experiência sensorial dos indivíduos (e.g. bem-estar, felicidade, ansiedade, stress) durante os percursos na cidade; 2) analisar os comportamentos físicos e sedentários dos indivíduos ao longo do dia; e 3) interpretar os padrões de variação da AF e dos comportamentos sedentários em relação com o meio envolvente das pessoas (e.g. social, físico e a experiência sensorial/emocional).
A realização destes objectivos permitirá responder às seguintes questões de investigação:
- P1: Que espaços da cidade são regularmente utilizados pelos jovens (dias de semana vs. dias de fim de semana)?
- P2: Como é que os jovens se “sentem”, incluindo experiências sensoriais e emocionais, quando habitam determinados espaços e lugares?
- P3: Como é que essa experiência varia consoante os diferentes espaços e formas urbanas?
- P4: De que forma é que essa experiência negativa ou positiva está relacionada com as caraterísticas sociais e físicas do ambiente, ou mesmo com a perceção que os jovens têm desse ambiente?
- P5: Porque é que os jovens escolhem alguns percursos urbanos em detrimento de outros e pode essa escolha estar associada às experiências sensoriais e emocionais?
- P6: A experiência quotidiana do ambiente urbano utilizado pelos jovens está relacionada com o seu estilo de vida ativo ou sedentário e, em última análise, com o seu estado de peso?
Serão recrutados estudantes (18-26 anos) da Univ. de Coimbra. Serão integradas metodologias de modo misto, utilizando questionários, medidas antropométricas, uma aplicação online (sistema mHealth) e um wearable para recolher informação sobre o estado emocional, aceleração e localização dos estudantes.